A transformação digital e a migração acelerada para a nuvem trouxeram ganhos significativos em produtividade, mas também ampliaram a superfície de ataque das empresas. Para lidar com esse novo cenário, muitas organizações estão adotando o modelo Zero Trust, que parte do princípio de que nenhuma conexão deve ser confiável por padrão.
Atualmente, é comum encontrar organizações com parte dos seus sistemas locais, parte hospedada em nuvens públicas e uma série de serviços terceirizados formando, assim, um ambiente híbrido por definição.

Diante desse cenário, o modelo tradicional de segurança baseado em perímetro no qual tudo o que está “dentro da rede” é considerado confiável já não se mostra eficaz. Por isso, é exatamente nesse ponto que o conceito Zero Trust ganha relevância, propondo uma abordagem mais moderna e adaptada aos desafios dos ambientes híbridos.
O que é o modelo Zero Trust
O modelo Zero Trust parte do princípio de que nenhuma entidade seja usuário, dispositivo ou aplicativo, deve ser considerada confiável por padrão, mesmo que esteja dentro da rede corporativa.
A abordagem se apoia em três pilares principais:
- Verificar sempre: cada tentativa de acesso deve ser autenticada e validada em tempo real.
- Privilégio mínimo: os usuários só têm acesso ao que realmente precisam.
- Microsegmentação: a rede é dividida em pequenos blocos independentes, dificultando o movimento lateral de ameaças.

Essa abordagem foi amplamente difundida por grandes fornecedores de tecnologia, como a Microsoft, que apresenta seu próprio framework de Zero Trust, destacando a importância da verificação contínua, da proteção de identidade e da visibilidade total em ambientes corporativos.
Os desafios desse modelo em ambientes híbridos
Empresas que operam de forma híbrida enfrentam obstáculos únicos na adoção do Zero Trust:
- Integração de diferentes plataformas: sistemas locais e em nuvem raramente compartilham o mesmo padrão de autenticação ou visibilidade.
- Gestão de identidades dispersas: colaboradores, parceiros e prestadores externos exigem políticas de acesso distintas.
- Monitoramento contínuo: é preciso ter visibilidade de tudo o que acontece em tempo real, sem impactar o desempenho.
- Legado tecnológico: muitas organizações ainda dependem de aplicações que não suportam autenticação moderna.

Por isso, o sucesso do Zero Trust depende de planejamento estratégico, ferramentas adequadas e maturidade de governança.
Como implementar o Zero Trust passo a passo
Adotar esse modelo não acontece da noite para o dia, é uma jornada.
Veja um roteiro prático que as empresas brasileiras podem seguir:
1. Mapeie identidades e acessos: Primeiramente, comece identificando quem acessa o quê dentro da sua infraestrutura. Em seguida, mapeie usuários, dispositivos, APIs e aplicações. Ferramentas de gestão de identidade (IAM) podem, nesse momento, ajudar a centralizar esse controle.
2. Classifique dados e sistemas críticos: Defina quais informações exigem maior proteção por exemplo, bancos de dados financeiros ou sistemas de controle de produção.
3. Aplique autenticação multifator (MFA): O uso de múltiplas camadas de autenticação (senha + token + biometria) é uma das medidas mais eficazes contra invasões baseadas em credenciais.
4. Implemente políticas de privilégio mínimo: Garanta que cada colaborador tenha acesso apenas aos recursos necessários para seu trabalho e nada além disso.
5. Faça microsegmentação da rede: Divida sua rede em zonas menores e independentes. Assim, se uma for comprometida, o invasor não consegue alcançar as demais.
6. Monitore continuamente: Além disso, utilize soluções de detecção e resposta automatizada (EDR, XDR ou SIEM) para identificar comportamentos anômalos e agir em tempo real.

Ferramentas e tecnologias que fortalecem o Zero Trust
Entre as tecnologias que apoiam essa abordagem, destacam-se:
- Firewalls de próxima geração (NGFW) com inspeção profunda de pacotes;
- Soluções de DLP (Data Loss Prevention) para proteger dados sensíveis;
- Soluções de controle de acesso e identidade (IAM e PAM);
- Antivírus e EDR de nível corporativo, com inteligência comportamental;
- Plataformas de visibilidade e automação, que centralizam alertas e relatórios.
Essas soluções, quando integradas, formam a base de um ambientes híbridos
- Sobre esse tema, desenvolvemos um material mais completo falando da ferramentas essenciais para o monitoramento da infraestrutura de TI

Métricas para avaliar a maturidade
Avaliar o sucesso da implementação exige acompanhar indicadores como:
- Tempo médio para detectar incidentes (MTTD)
- Tempo médio para resposta (MTTR)
- Porcentagem de acessos bloqueados por políticas
- Redução no número de credenciais expostas ou não autorizadas
- Conformidade com normas e auditorias internas
Esses dados ajudam a medir se as políticas estão realmente elevando o nível de proteção da organização.

Conclusão: Segurança não é questão de confiança, e sim de verificação
Em outras palavras, o Zero Trust não é apenas uma tendência é uma mudança cultural e tecnológica necessária para proteger empresas em um mundo conectado, descentralizado e em constante transformação.
Por fim, ao adotar esse modelo, as organizações reduzem significativamente sua exposição a ataques, fortalecem o controle de acessos e constroem uma infraestrutura resiliente para o futuro.
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